4 de julho de 2015

A abelha Tarnagusha e o rato Logus

Ter amigos fica cada vez mais difícil nesses tempos de inquietação politica e religiosa, tanto é que uma abelha que já se cansava de seguir a colmeia inteira foi caçar amizade entre os seres livres. Tarnagusha era uma abelha operaria, sempre obedecia ordens, mesmo contra seu consentimento, era a única abelha que tinha raciocínio rápido na colmeia, e como sabia que cresceria para se tornar uma abelha que leva polem, fugiu da colmeia logo em seus primeiros dias de emprego. No lado de fora encontrou um gato facista, que fazia de tudo para não fazer nada. Malvo, o gato, era preguiçoso e gordo, assim que conheceu Tarnagusha lhe propôs serventia, a chamou de rainha e lhe deu mil presentes, pois assim sabia que se a lealdade dela tivesse menos coisas faria. Em pouco tempo Tarnagusha era tão mimada que nem se questionou o motivo, Malvo, o gato, deu se encerrar ali a primeira parte de seu plano, foi ele chegar aos pés de Tarnagusha e chorar. 
- Oh minha adorada rainha, és de vero que é a unica justiça que existe nesse mundo, quem sou eu sem ti, peço a ti que mate o homem que por trás daquele sorriso esconde toda a maldade do ser, come a comida destinada ao nós seres livres, derruba nossa liberdade ao nos prender, mate-o rainha e assim poderá ter seu reino livre como assim o desejas. - Disse o gato lambendo o bigode de leite. 
A abelha que não era boba nem nada , logo notou o golpe do gato, mas, também notou o tamanho dele, imenso e escandalizado, devorador e pavoroso, monstruoso e malvado. A abelha viu que se não matasse o homem logo seria devorada. A pequena Tarnagusha se via em uma enrascada, caiu em uma cilada fascista, como saia agora dessa pequena esperteza do gato comilão? Por enquanto não havia jeito, marcou então o dia de matar o homem, não tardaria, pois seria naquela mesma noite. 
Pela noite o gato roncava como um porco frente a um microfone, e seu sono era tão pesado quando a ele próprio. Era hora de cumprir o plano, foi a abelha em seu voo solene dar uma ferroada no homem. Quando perto do homem chegou viu um ser estranho de dreads no cabelo, olhos baixos e cara de quem ha muito tempo não tomava banho, foi ela trocar palavras com o ser. 
- Viver, nascer e morrer, deitar-se no berço da eternidade, apanhar-se junto das estrelas, enquanto o corpo descansa na terra. E tu criatura minuscula, sabes a tua missão na terra? - Disse rato sujo. 
- Missão, dar continuidade a vida, seguir o fluxo. - A abelhinha respondeu. 
- Então porque fugiu da colmeia? É isso que chama de liberdade? Você é engraçada. - Disse o rato soluçando, provavelmente bêbado. 
- Devo matar o homem, ele é o ideal de prisão disse-me o gato. - a abelhinha enrolava as patas meio desajeitada. 
- O gato. O gato é sóbrio, não se deve escutar os sóbrios, eles pensam demais. - O rato tentou levantar mas caiu. - Me ajuda aqui. 
- Claro. - Disse a abelhinha dando a pata ao rato. - Meu nome é Tarnagusha. 
- O meu é Logus. - Levantou de vez o rato. - Monta aí nas minhas costas, quero te mostrar algo. 
O rato viu que Tarnagusha estava segura então disparou a correr como um louco, passando por tuneis e afastando cada vez mais a abelha do gato e do homem. O rato saiu dos túneis e foi parar na cidade, continuou ainda a correr, começou então a mostrar os lugares e lhe dizendo os nomes, chegou na área rural e muitas árvores e animais começaram a aparecer. A caminhada ainda continuava, frenética como o rato propôs, chegou às praias e logo ao mar, ficaram por horas observando o sol raiar ali. A abelha então parou pra pensar. 
- Agora o que quer? Porque me trouxe até aqui? - Perguntou a pequenina. 
- Ora bolas, não é claro? Queria que você pudesse ver o quanto o sol é livre, belo e imponente, o quanto a cidade presa e domada e mesmo assim dizem que somos livres, essa minha liberdade, correr a frente do sol. - Disse o rato com sua voz pacífica e duradoura. 
- Oh -  espantou-se - Que belo é, percebo agora o que quis dizer sobre... - O rato interrompeu a pequena. 
- Eu não disse, você é quem acha que eu disse. - O rato se sacudiu e a abelha voou, ele deitou com as costas para baixo e fechou os olhos. - Deite-se, não são todos que tem essa oportunidade. 
- Ah, sim claro. - A abelha deitou-se e descansou por horas. Sonhou com pôneis e mashmallows, sonhou que voava sobre as nuvens e que elas eram doces.
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